quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Dívidas: o que pagar primeiro quando a situação apertar?

A vida do endividado não é nada fácil. É extremamente angustiante ter o nome na lista dos inadimplentes e dormir sabendo que quitar as dívidas se tornou uma tarefa praticamente impossível.
Em alguns casos, as pessoas acabam emocionalmente abaladas e vêem sua vida pessoal desmoronar. Existem várias razões que podem levar uma pessoa a enfrentar dificuldades financeiras e se endividar. Na maioria dos casos, são dificuldades temporárias, e aqui a recomendação é que você se esforce ao máximo, cortando tudo o que pode, de forma a sair o mais rápido desta situação.
Informe-se sobre condições dos financiamentos
Porém, em alguns casos, mesmo após todo este esforço, ainda não é possível arcar com o pagamento de todas as dívidas, de forma que resta a dúvida sobre qual privilegiar na hora do pagamento.
Quem respondeu que a prioridade deve ser dada à dívida cuja taxa de juro é mais elevada, esqueceu que nos financiamentos de bens existe o risco de retomada. Este é um risco que não pode ser ignorado, pois caso a retomada se confirme, você perde tudo aquilo que já pagou pelo bem. Assim, é preciso analisar com calma as condições estabelecidas nos vários contratos de financiamento que você possui, antes de tomar uma decisão quanto ao que priorizar.
Eletrônicos e eletrodomésticos
Se você atrasar o pagamento de uma prestação de eletrodoméstico em 10 a 15 dias, seu nome certamente irá parar em alguma lista de inadimplentes. A inclusão no cadastro de inadimplentes é bastante rápida, por outro lado, é bastante improvável, dado o valor do bem, que os credores venham exigir a sua retomada imediata.
O mais comum é que seu nome seja enviado ao cadastro de inadimplentes, mas que o bem não seja retomado imediatamente. Afinal, este processo é bastante custoso e, às vezes, não compensa ao comerciante ir atrás do seu liquidificador ou microondas. Você ficará com o nome sujo na praça, mas pelo menos sua cozinha continuará em ordem.
Vale destacar que a idéia aqui não é de, em absoluto, advogar que esta prestação não deva ser paga, mas sim que, considerando suas limitações de caixa, acabe tendo prioridade mais baixa na quitação. Uma alternativa é vender o bem alvo do financiamento, de forma a obter recursos para efetuar uma quitação antecipada do financiamento. Depois, como um maior planejamento financeiro, você pode até voltar a comprar o aparelho, mas quando seu endividamento for menor.
Cartão de crédito
Seguindo a escala de prioridades, o cartão de crédito é a segunda dívida que pode ficar em atraso. Mesmo com os juros elevados, cerca de 10% ao mês, é preferível atrasar o cartão por um mês do que deixar de pagar outras prestações mais importantes, como a do financiamento do carro.
Além dos juros, é importante lembrar que você terá que pagar multa de 2% ao mês por atraso no pagamento, mas esta multa incide apenas uma vez sobre o valor do pagamento mínimo. Porém, vale lembrar que o objetivo aqui é estabelecer prioridades, e entre os males, é preferível escolher o menor.

Cheque especial
O cheque especial pode ser o terceiro a ser deixado de lado. Funcionando da mesma forma do cartão, com juros de cerca de 8% ao mês em média, o cheque especial pode aumentar ainda mais suas dívidas.
Para os que não planejam bem as contas e acabam optando por sustar o cheque antes que o mesmo seja devolvido, vale lembrar que, neste tipo de situação, também é cobrada uma tarifa adicional. Segundo dados do Banco Central, a tarifa média cobrada nestes casos é de R$ 8,95, podendo, contudo, chegar a R$ 53,50. Caso o cheque não seja sustado a tempo, e, portanto, acabe devolvido por falta de fundos, o gasto médio é de R$ 11,06, mas pode alcançar R$ 35!
Além disso, a inclusão, e eventual exclusão no cadastro de inadimplentes, pode acarretar gastos ainda maiores. Aqui se fala também de tarifa por evento. Ainda que a tarifa média de inclusão no cadastro seja de R$ 18,56 e a de exclusão seja de R$ 21,20, a tarifa máxima, em cada um dos casos, pode chegar a R$ 100! Assim, a inclusão e posterior exclusão do cadastro podem, na pior das hipóteses, custar R$ 200!
Financiamento de carro e casa
Atrasar o pagamento da prestação do automóvel ou da casa própria pode gerar conseqüências bem negativas. Mesmo com os juros mais baixos do mercado, em torno de 3% ao mês, no caso dos autos, e de pouco mais de 1%, no caso dos imóveis, você corre o risco de retomada do bem.
Por se tratar de bens de maior valor agregado, os bancos e financeiras são mais rápidos e tendem a pedir a retomada em no máximo três meses. Caso isso aconteça, você corre o rico de perder o carro (ou a casa) e ainda continuar devendo, sobretudo, no caso do financiamento de auto.
Isso porque, ao contrário do que acontece com o imóvel, o veículo sofre depreciação, ou seja, vale menos do que quando foi comprado, o que é mais difícil de acontecer no caso dos imóveis.
Assim, neste caso, a financeira leva o auto a leilão, e com o dinheiro da venda precisa pagar também as despesas com todo este processo, como o trabalho do oficial de Justiça, advogados, guincho, estacionamento etc. Em alguns casos, mesmo vendendo o carro, o dinheiro da venda não é suficiente para cobrir o saldo devedor e todos estes gastos extras, de forma que resta um saldo a ser quitado.
Ainda que existam momentos em que seja preciso priorizar os pagamentos, o ideal é que você consiga recuperar o seu equilíbrio financeiro o mais rápido possível, e para isso é importante estabelecer um plano de quitação das suas dívidas. Por equilíbrio entende-se não ter mais do que 30% do seu orçamento mensal líquido comprometido com o pagamento de prestações. Use este limite para ajudá-lo a tomar decisões de consumo.
Sempre que uma nova compra elevar o seu endividamento para acima deste teto, você deve optar por adiar a compra até conseguir quitar outra dívida.
Lembre-se: quando o grau de endividamento é muito alto, temos uma sensação ilusória de controle, uma vez que basta uma pequena adversidade financeira para você se endividar novamente.

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